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WERBETH MOUSINHO

Revolução artística e provocação de sentidos

É difícil definir algo por sua complexidade. Vale dizer que é abrangente a obra desse brasileiro de coração. Leonardt Lauenstein passeia com maestria por diversos tipos de arte, da urbana – vista na rua – à experimental, digna de galerias. Não à toa já expôs em diversas mostras aqui e até no exterior.

 

Leonardt tem pai alemão e mãe brasileira, mas nasceu na cidade de Tsumeb, na Namíbia. Veio para o Brasil aos nove anos, morou no interior de Minas Gerais até os 17 anos, quando veio estudar no Rio de Janeiro. Aqui ficou.

Em 2007 começou a ideia intervencionista, da criação de imagens em corte vazado, o estêncil, criando as primeiras imagens que davam uma prévia dos trabalhos futuros. A ideia evoluiu e hoje Leonardt atua em diversos segmentos artísticos com intervenções urbanas, esculturas, criação de móveis, pintura corporal, lambe-lambe (pôsters) e pinturas sobre telas. Tudo devidamente registrado em seu site www.leonardt.tk. No passeio virtual é possível conhecer ainda suas experiências artísticas, como as taxidermias e o projeto de intervenção urbana WILD_WIRE. Nesta entrevista você conhece um pouco desse artista, de suas ideias revolucionárias e provocativas do sentido.

 

Circuito: Sua obra é muito ampla e diversificada. De onde vem sua inspiração para tantas técnicas e temas diferentes?

Leonardt Lauenstein: Eu me inspiro quando transpiro. A minha técnica vem toda da essência do estêncil, o recorte vazado, que ao longo dos anos fui desenvolvendo processos diferentes, mas com o mesmo resultado final ou semelhante ao estêncil, seja na pintura em acrílica, na estamparia e no street art. Temas são reflexos sobre minha vida, sobre conversas produtivas que tenho com os amigos, reportagem do nosso cotidiano violento. As ideias vão surgindo e depois tento chocar ideia x técnica para o resultado que me agrade.

Grande parte de seu trabalho pode ser visto nas ruas, em espaço aberto. Seria essa uma forma ideal de popularizar essa arte mais moderna?

Leonardt: Na rua, o processo é visíveis a todos transeuntes que reparem... se populariza fazendo parte do seu cotidiano. Na arte urbana não existe o ideal, mas sim o que lhe atrai olhares, onde a obra em si é sempre maior que qualquer artista, por isso muitas vezes não assino o trabalho ou assino com pseudônimos.

Alguns trabalhos são mais polêmicos e tendem a provocar o público. É algo intencional?

Leonardt: Sim. Não sei o que o público acha polêmico, mas gosto de provocar o pensamento das pessoas, de testar os limites da tolerância: como uma imagem pode ser tolerada enquanto outra figura ou palavra pode criar repudio a ponto de danificarem a obra.

As críticas sociais também não fogem de sua obra. Na sua opinião, em que a arte (em especial a sua) pode contribuir para a mobilização social?

Leonardt: Faço uma reflexão mais saudável do que acontece no nosso cenário cotidiano, como homofobia, alcoolismo, racismo, credos e sexo. Palavras muito comuns, mas muito pouco verbalizadas e com grande teor de violência por traz desse silencio que se torna comum e aceitável. Algumas das minhas artes de rua que expressam amor livre não são toleradas e já tive artes apagadas. Acho que a contribuição parte do expectador que quer ver uma vertente do meu pensamento, ou que enxerga além disso. Conheça a pessoa artista e você entenderá muito mais sobre sua obra. Pois os pensamentos artísticos se tornam matéria visível a todos que querem ver.

Apesar de viver no Brasil há tanto tempo, você nasceu em outro país. Qual a influência de sua origem em seu trabalho artístico?

Leonardt: Sou nascido na Namíbia, onde morei até os 9 anos de idade. Toda essência do meu trabalho, seja de designer ou na arte, vem da minha busca de lembranças da infância, representações de animais, indumentárias africanas e das tribos com as quais convivi.

O que é o Wild-Wire?

Leonardt: É um projeto artístico de intervenção urbana, em que trabalho com preto sobre branco ou branco sobre preto, pintando vida selvagem em linhas sobrepostas que dão uma sensação de malha tridimensional, dando formas às figuras, que lembram asterismo, padrões formados por estrelas.

Como surgiu sua Taxidermia?

Leonardt: Eu comecei com taxidermias de papelão, usando papelão reutilizado da empresa que trabalhava para diminuir a emissão de lixo descartado. A taxidermia é uma evolução dos recortes de estêncil, em que trago o bidimensional para o tridimensional. Com referências da minha infância na Namíbia, onde quase toda casas e fazendas tinham bichos empalhados e suas cabeças como troféus, resolvi inverter e valorizar os animais vivos, criando troféus de suas taxidermias - arte de reproduzir animais para exibição. Agora com a Taxidermias Design, marca que criei, faço e desenvolvo fatias empilhadas de MDF recortado a laser, que reproduzem o formato 3D dos animais e figuras feitas a partir de encaixes.

Qual o motivo de sua arte?

Leonardt: Eu não faço porque quero, porque preciso. A minha arte me incomoda tanto que tenho que expor minhas ideias para que sejam vistas não só pelo meu olhar. Quero criar empatia contínua sobre minha arte, relação entre minha arte e o espectador que projeta a si mesmo na obra, aproximando-me mais dos espectadores de olhares mais atento da rua.

 

 

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praia do flamengo

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