História



Gago Coutinho, pioneiro navegador e herói como Vasco da Gama
MARIA CLARA PECORELLI
Vamos prosseguir nesse número com a pesquisa dos nomes de rua dos bairros do nosso circuito. Dessa vez, destacaremos Gago Coutinho, aprazível rua paralela à R. das Laranjeiras, começando no Largo do Machado, e desembocando no Parque Guinle.
Gago Coutinho foi um extraordinário navegador, historiador, matemático, geógrafo, grande admirador das navegações portuguesas e ele mesmo um aventureiro que se notabilizou como pioneiro da aviação. Publicou vários livros com suas investigações científicas, um deles sobre o roteiro de viagem de Vasco da Gama, e como membro da Marinha navegou pelo mundo inteiro chegando a Almirante.
Mas seu grande feito, junto com seu parceiro Sacadura Cabral, foi a pioneira travessia aérea do Atlântico em 1922, no contexto das comemorações do centenário de Independência do Brasil.
O que hoje leva algumas horas de viagem, foi uma super arriscada aventura de dois meses, que consagrou os dois aviadores.
A primeira etapa desta heroica viagem que se iniciou em Lisboa no dia 30 de Março desse ano (1922), num hidroavião monomotor, com um motor Rolls-Royce e batizado de “Lusitânia”, foi até Palmas nas Ilhas Canárias, onde os tripulantes se demoraram até 5 de Abril. A etapa seguinte foi cumprida com muito custo, e eles desceram na Ilha de São Vicente, no arquipélago de Cabo Verde, com graves danos ao equipamento em função da humidade. Só em 17 de abril, quando já haviam resolvido os problemas, seguiram para as Ilhas do arquipélago de S. Pedro e S. Paulo, já em águas brasileiras. Encontraram novos infortúnios até chegarem à ilha de Fernando de Noronha, onde, com um novo hidroavião, decolaram no dia 11 de maio, mas foram novamente detidos por avarias. No dia 5 de junho, finalmente, recebem nova aeronave, que a esposa do então Presidente do Brasil, Epitácio Pessoa, batiza de “Vera Cruz”, e partem rumo ao Recife, e daí para o Rio de Janeiro, fazendo escalas em Salvador, Porto Seguro e Vitória. Nas águas da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, Gago Coutinho e Sacadura Cabral foram entusiasticamente aclamados como heróis pela população, assim como em cada cidade onde chegaram.
Estima-se que, dos 79 dias da longa viagem, somente 62 hrs e 26 min. foram gastas propriamente voando.
Gago Coutinho aperfeiçoou instrumentos de vôo que permitiram a navegação aérea, muito importantes para o avanço desta atividade.
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