GASTRONOMIA 60
Abrindo
a Carta
JORGE BAPTISTA

É com muita satisfação que inicio esta nova etapa em minha vida profissional. Aliás, “nova” só no que diz respeito a comentar em algumas linhas tudo aquilo que já faço há quase três décadas.
EDIÇÕES ANTERIORES
O Fenômeno da Transculturação - 69
Pra não dizer que não falei das Flores - 68
Um brinde aos "Argentinos" - 62
Vinhos de Boutique a preço de boteco - 61
Abrindo a Carta vai falar não só de vinhos, mas sobre tudo de Gastronomia: dicas, sugestões, serviços e entretenimento voltados para esta área. Tudo tendo em vista o respeito e carinho pelos amigos e os leitores da revista Circuito. Aproveito para agradecer a todos aqueles que contribuíram com minha formação e colaboram com o meu trabalho.
Sendo assim, abrirei a carta para falar sobre um destemido e corajoso distribuidor que atende pelo nome de Rômulo Bittencourt, representante da Vinis Brasilis - que optou em trabalhar exclusivamente com vinhos da região de Santa Catarina ou (melhor dizendo) vinhos de boutique e altitude catarinenses.Dentre as varias vinícolas existentes naquela região, Rômulo escolheu a Santa Augusta, que produz ótimos espumantes, vinhos tintos e brancos com corpo e alma. Nesta coluna falarei especificamente sobre o vinho Sarau (cabernet-merlot).[
Chama-me a atenção a ousadia deste jovem em acreditar que ainda é possível extrair da nossa terra coisas boas! Criou-se a máxima de que nossos vinhos, além de caros, não são tão bons quanto parecem, diferentemente dos sul-americanos e europeus. Na contramão deste preconceito, a vinícola Santa Augusta desafia-nos a degustar o Sarau, um tinto jovem, que demonstra a cada taça servida como é possível produzir vinhos bem equilibrados com buquets bem frutados e persistência marcante, digno de alguns europeus.
A cada taça servida consegue surpreender, demonstrando qualidade, força e personalidade dignas de seu nome. Sarau é realmente um conjunto de artes transformado em vinho e engarrafado para nós brasileiros, que valorizamos o que temos de melhor. Degustar o Sarau (cabernet-merlot) é dizer, com muito orgulho: um brinde ao Brasil, a Santa Augusta e ao vinho nacional!
Por falar em Brasil e bons brasileiros, não poderia deixar de mencionar o prestimoso garçom José Antonio Alves Pereira. Seus clientes o chamam carinhosamente de “Zezinho”. Um guerreiro que ostenta com muito vigor e jovialidade seus 73 anos de vida e exerce com destreza a arte de atender com excelência.O carinho deste funcionário por sua clientela é tamanho que muitos chegam a disputar lugares embaixo dos ombrelones, mesmo em dias de chuva. O interessante é que a casa tem seus enormes salões, ainda assim Zezinho conseguiu atrair um grupo grande de clientes. Senhores empresários, é preciso rogar aos Céus para que envie alguns “Zezinhos” para vossos quadros, pois está cada dia mais difícil encontrá-los por aí.Outra dica, caro leitor: quando for passear na terra do Arariboia (mais precisamente em Jurujuba), não deixe de dar um pulinho no Berbigão e pedir a generosa porção de camarão a paulista, ou a deliciosa caldeirada de frutos do mar. Acho difícil encontrar iguarias semelhantes na região. Aproveitem e perguntem pelo garçom “Zico” - ele não é o Galinho, mas bate um bolão quando se trata de servir os frequentadores da casa.
Em outra oportunidade falaremos sobre vinhos de boutique e outras prosas...