WERBETH MOUSINHO 

        Uma rua,

            muitas histórias

São pouco mais de mil metros que começam no bairro da Glória e seguem até os limites do Flamengo. Uma via tão antiga quanto a própria história do Rio de Janeiro. A rua do Catete é conhecida no país inteiro e já foi sinônimo de ascensão social, lugar da elite política do Brasil, marco histórico da nação.

A rua do Catete surgiu do chamado Caminho do Catete, que já que existia antes mesmo da chegada dos colonizadores e servia aos índios da aldeia Uruçumirim, que habitavam a região. Segundo o historiador Milton Teixeira, “a rua do Catete era uma trilha indígena anterior à fundação da cidade e sua existência é mencionada numa carta francesa de 1556”.

Esse caminho seguia até a praia de Botafogo, até que o governador Antônio Salema construiu a primeira ponte do Rio de Janeiro sobre o rio Carioca, onde atualmente fica a Praça José de Alencar. Ali virou o ponto terminal do caminho.

A partir do século XVIII, várias chácaras se estabeleceram ao longo deste caminho. Junto com o crescimento da cidade, diversas mansões se estabeleceram na via, que passaria a ser chamada Estrada do Catete. Com a chegada de dom João VI ao Brasil, diversas casas e mansões da cidade foram requisitadas para moradia dos ricos portugueses. Até a Princesa Carlota Joaquina veio morar na antiga Chácara de Botafogo, localizada no final da Estrada do Catete, na Praia de Botafogo (hoje a esquina da Rua Marquês de Abrantes com a Praia de Botafogo). Isso fez com que a região ficasse muito valorizada, atraindo boa parte da elite carioca. Logo a “estrada” virou rua.

Quando o Brasil aderiu à república, esta rua passou a abrigar a sede do governo federal. Para Milton Teixeira, esse é o maior marco histórico da rua do Catete, como o local que serviu de cenário para muitos fatos importantes da jovem república.

“Os mais marcantes foram quando do funcionamento do palácio do Catete como sede da Presidência. O suicídio de Getúlio Vargas é um deles”, completa o professor.

 

TEMPOS MODERNOS

 

A rua do Catete é a principal do bairro, onde hoje vivem  cerca de 24 mil pessoas, segundo dados do Instituto Pereira Passos. Ao longo da via, que começa na Glória e vai até perto do Flamengo, encontra-se uma rica estrutura de sobrados históricos, com suas fachadas originais do final do século XIX e início do século XX, período da belle époque carioca. A rua conta ainda com diversos bares, restaurantes, lojas de múltiplas especialidades e muito lazer. O maior de todos é o Museu da República, que abriga um parque aberto ao público, um cinema, uma livraria e uma mostra permanente da história da república.

Em pouco a atual rua do Catete lembra aquela do fim do século XIX, quando passou a sediar o governo federal. As diferenças são ainda maiores quando se imagina a época de sua criação, ainda nos idos do século de 1500. Muito mudou para o conforto de seus moradores.

“Há muito ela não é mais o ‘Caminho do Mato Fechado’. Ela vive sendo reinventada. A maior mudança se deu com a passagem do Metrô”, conta Milton Teixeira.

De acordo com a Secretaria Municipal de Urbanismo, a rua do Catete recebeu intervenção urbanística na década 1990, desde  a  Praça  José  Alencar até a Glória. Segundo a pasta, foram realizados benefícios que incluíram o alargamento de calçadas, criação de pequenas praças (como aquela junto ao Museu da República), a organização dos espaços de estacionamento, a troca da iluminação e serviços de drenagem, entre outros.  

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Tão antiga quanto a cidade, a rua do Catete é um símbolo de nossa história, que resiste ao tempo e avança aquém dos desafios.

DIAS DE GLÓRIA SUFOCADOS, 

MAS RESISTENTES

 

Hoje a situação da rua do Catete é de contrastes. Há poucos anos, a região foi tomada por camelôs, causando indignação dos moradores e de quem frequenta a rua histórica. A aposentada Glória de Castro Mendes, há mais de meio século residente na rua Silveira Martins, diz que achava difícil andar pelas calçadas, que eram constantemente tomadas pelos ambulantes, com seus produtos (muitos de origem e qualidade duvidosa) espalhados no chão ou em carrinhos improvisados.

“Parecia uma feira, meu filho”, ela resume.

Mas muitos dos moradores que reclamavam também eram os clientes que mantinham o comércio informal – algo que virou parte da paisagem da famosa rua. Os comerciantes também contribuíram para aumentar o caos da desorganização. Não é preciso fazer grande esforço para lembrar dos bares, lanchonetes e restaurantes que se apropriavam da calçada como uma extensão de seus espaços, espalhando mesas e cadeiras para acumular clientes.

Hoje o problema não está completamente solucionado, mas teve uma mudança radical. Quem anda pela rua do Catete percebe menos ambulantes, estabelecimentos mais comportados e um pouco mais de segurança.

Desde 2009 a prefeitura iniciou sua campanha chamada “choque de ordem”, que tirou os camelôs da rua, cadastrou ambulantes e afixou barracas uma pouco mais organizadas em alguns pontos, como na proximidade da rua Dois de Dezembro. Claro que ainda é possível ver vendedores burlando a lei, mas o caminho está aí.

Hoje a região possui uma Unidade de ordem Pública, que atua nos bairros do Catete, Flamengo e Glória. São 131 guardas municipais que se revezam em turnos, abrangendo 24 horas diárias, 7 dias por semana. A Secretaria de Ordem Pública informou ainda que a rua do Catete tem 274 ambulantes cadastrados para trabalhar no local. 

 

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